Chuvas abaixo das expectativas preocupam produtores no Sertão
O Sertão
paraibano deve enfrentar mais um inverno de baixo volume de chuvas, segundo
perspectivas de institutos meteorológicos do país. A previsão preocupa
produtores do semiárido do Estado. De acordo com o estudo do Centro de Previsão
do Tempo e Estudos Climáticos (CPTec), os próximos três meses devem gerar, no
máximo, 500 mm de chuvas na Região, com 35% de probabilidade de volume abaixo
desta média.
A mesma
estimativa é usada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que prevê
40% de probabilidade de chuvas dentro da normalidade (500mm) e 35% de chuvas
abaixo das expectativas. Para o diretor presidente da Federação da Agricultura
e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, os produtores locais estão
preocupados com as projeções. “Nós estamos em um momento de expectativa.
Tivemos três anos seguidos de seca e para 2014 as perspectivas não são boas,
então a preocupação é grande”.
A projeção da
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgada em janeiro, é de apenas
52 mil toneladas de grãos para este ano, 12% a mais do que 2013 (46 mil t), mas
considerada ainda muito baixa ou longe da média de inverno regular no Estado
(que vai de 150 mil a 200 mil toneladas).
De acordo com
Mário Borba, o atual cenário vem desanimando muitos produtores do semiárido
paraibano. “Muita gente perdeu tudo o que tinha nesses últimos anos. O inverno
deste ano estava sendo esperado como um período de recuperação. A esperança era
de refazer a produção, pois o setor está praticamente quebrado, mas com essas
previsões devemos ter mais um ano difícil”.
Na avaliação do
diretor presidente da Faepa, além das condições climáticas, o que dificulta a
recuperação do setor é o modelo falho de políticas públicas voltadas para o
produtor do semiárido nordestino. “Vivemos num país de dimensões continentais,
com realidades completamente diferentes entre as regiões. Acontece que o
produtor do semiárido nordestino tem o mesmo tratamento que o produtor do Rio
Grande do Sul. Isso está errado, o governo federal tem que entender que são
realidades diferentes e os incentivos também deveriam ser”, disse Mário Borba.
Enquanto o
tratamento diferenciado não chega, as produções no interior do Nordeste são
castigadas ano após ano, segundo relatou o representante da Faepa. “O governo
anuncia custeios emergenciais, prorrogação do teto, políticas de crédito, mas
nada disso é aplicado e isso não resolve nosso problema”.
Neste cenário,
toda cadeia produtiva que depende das chuvas para sobreviver tende a ser
afetada, explicou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do
Estado da Paraíba (Fetag-PB), Liberalino Lucena.
“Tivemos dois
anos das piores secas na Paraíba. Os mananciais que atendem o semiárido estão
com volume de água em 30% abaixo do esperado, para se ter ideia da nossa
emergência. 50% do rebanho foi perdido, quase não há emprego no interior, o
homem da roça não está conseguindo sobreviver”.
Foto: Açude da Queiroz em Diamante-PB abaixo do seu nível/DiamanteNews
Fonte: Beto Pessoa/JP Online
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