Fantástico da Rede Globo destaca esquema de propina no Procon-PB; suspeitos são exonerados e presos. Veja!
Dois homens que
são pagos para defender os direitos do consumidor pedem propina para livrar um
banco de multas no valor de 300 mil reais.
O Fantástico
mostrou um flagrante de corrupção. Dois homens que são pagos para defender os
direitos do consumidor pedem propina para livrar um banco de multas no valor de
300 mil reais. A história desses dois acabou mal.
Vídeo abaixo:
O homem do vídeo
ao lado está num shopping para receber propina. Em troca de dinheiro, ele
promete anular multas do Procon.
Rodolpho
Cavalcanti é advogado. Ele não veio sozinho.
No shopping
também está o chefe dele, André Borba, coordenador da assessoria jurídica da
Defensoria Pública da Paraíba, órgão responsável pelo Procon no estado.
“Ele é chefe da
assessoria jurídica geral, dentro do Procon. Ele tinha o poder de diminuir as
multas ou extinguir”, disse o delegado do Grupo de Op. Especiais/ PB,
Aldrovilli Grisi Dantas.
Segundo a
polícia, em vez de usar esse poder para defender o consumidor, André e Rodolpho
cobravam propina para cancelar as multas.
Funcionário do
banco: “Vocês querem 10% de 300.000,00 para encerrar todos estes processos”.
Rodolpho
Cavalcanti Dias: “Isso, anular todas estas multas de vocês”.
O Fantástico
teve acesso aos detalhes de uma dessas negociações.
Em março deste
ano, chegam às mãos de André, cinco multas de um banco mineiro com agências na
Paraíba. É Rodolpho quem faz o primeiro contato com a instituição financeira.
Rodolpho
Cavalcanti Dias: Veja só, chegou na nossa mão aqui cinco recurso de vocês,
certo, na turma recursal do Procon da Paraíba.
Funcionário do
banco: Sim.
Rodolpho
Cavalcanti Dias: Aí o meu chefe pediu para eu entrar em contato com vocês, para
poder tentar matar estes processos.
Quem liga agora
para o banco é o próprio chefe de Rodolpho. André explica como vai fazer para
anular as multas.
André: São três
votos. E aí como eu sou o coordenador lá da turma, aí o parecer eu mesmo faço,
entrego a eles e eles assinam e eu dou o visto autorizando o parecer, entendeu?
Funcionário: Ah.
André: O Procon,
como tem lá a decisão de extinguir a multa, então o que ele vai fazer? Ele vai
anular, vai tirar do cadastro da divida ativa, certo?
O banco
denunciou o esquema e com a orientação da Polícia e do Ministério Público
seguiu com a negociação. Uma reunião foi marcada para a última quarta-feira, em
João Pessoa. Nessa ligação, André e Rodolpho comemoram a quantia da propina.
André: Não pode
deixar esse dinheiro na mão, não. É 30 mil conto, Rodolpho. tá doido, é?
Rodolpho: Eu
sei.
A: Pra achar um
honorário desse hoje é.
R: É difícil. É
difícil.
Assim que os
representantes do banco chegaram de madrugada no principal aeroporto da
Paraíba, policiais do estado assumiram a identidade deles e passaram a negociar
os detalhes finais da entrega do dinheiro.
Ainda no
desembarque, os R$ 30 mil levados para a suposta negociação também passaram
para as mãos dos policiais.
O encontro para
o pagamento da propina foi marcado no maior shopping de João Pessoa. Com
autorização judicial, promotores e policiais gravaram tudo o que aconteceu lá
dentro.
As câmeras de
segurança do shopping registraram a chegada de André e Rodolpho. Eles conversam
e entram num acordo. Apenas Rodolpho vai ao encontro dos policiais que se
passam por funcionários do banco. André vê tudo de longe.
Rodolpho:
Primeira vez que vocês vêm aqui ou não?
Policial: Minha
é.
Os R$ 30 mil em
propina estão numa pasta. Mas Rodolpho nem chega a receber. É preso assim que
entrega a anulação das multas.
Policial: Senhor
Rodolpho?
Rodolpho: Sim,
senhor.
Policial: É, pra
fechar aqui, só tá faltando um documento que é o seu mandado de prisão, tá
certo?
Rodolpho: Vai
acompanhar a gente tranquilo?
Policial: Vou,
vou.
André também foi
preso.
Bruno: Que
reunião era essa, André?
“A gravidade vem
no sentido de ser um órgão de controle do Estado, onde tem que dar o exemplo aí
a gente encontra pessoas desse nível agindo em detrimento da ética, da lisura,
da probidade administrativa, retirando dessas pessoas aquilo que elas tem mais
de precioso, que é a crença no poder público”, afirma Osvaldo Trigueiro do Vale
Filho, procurador-geral de Justiça do estado da Paraíba.
André não tinha,
sequer, registro da OAB. Nem poderia ocupar o cargo.
“Quando a gente
nomeia a pessoa, a gente não pede os documentos com antecedência quando ele
toma posse aqui na Defensoria e na Secretaria de Administração, ele leva os
seus documentos. e nesses setores ele apresentou uma inscrição falsa de, da
inscrição da OAB”, diz Vanildo Oliveira Brito, defensor público geral do estado
da Paraíba.
Por telefone, o
advogado de André disse que seu cliente nega as acusações. A defesa de Rodolpho
também.
“O que nos foi
repassado realmente, pelo nosso constituinte é que ele não tem envolvimento
algum com essas acusações”, ressalta Bruno Lopes de Araújo, advogado de
Rodolpho.
Além de presos,
os dois funcionários foram exonerados.
“Não é um
funcionário isolado que vai tirar a credibilidade de um órgão como o Procon”,
responde Vanildo Oliveira Brito.
Fonte: Rede Globo
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