Leite não chega a 163 municípios da Paraíba. Veja!
Criado para
atender os 223 municípios da Paraíba, o Programa do Leite não está sendo
plenamente executado em pelo menos 163 cidades do Estado. O presidente da
Fundação de Ação Comunitária (FAC), Lau Siqueira, informou que os problemas se
devem à defasagem do preço pago pelo governo federal para os laticínios. Ele
admite que o governo do Estado poderá devolver recursos pela dificuldade em
adquirir o leite, principal produto do programa. “Pelas dificuldades que
estamos tendo para a execução do programa, acredito sim que iremos devolver recursos,
mas ainda é cedo para se falar em valores”.
Lau Siqueira
explica que em todos os Estados do Nordeste onde o programa é executado (menos
Piauí e Sergipe) os problemas são os mesmos. Ele disse que a média de
desabastecimento chega a quase 50% no Nordeste. No caso da Paraíba, apenas 60
cidades estão sendo atendidas com todos os produtos do programa (lei, pão e
fubá). Nos demais municípios as famílias não recebem o leite, apenas o pão ou o
fubá.
“As causas
apontadas por todos os gestores e agentes do programa em todos os Estados são
exatamente as mesmas: os valores pagos para o beneficiamento do leite pelos
laticínios que é, no máximo, de R$ 0,52”, diz o presidente da FAC. Ele explicou
que existe uma defasagem de aproximadamente 10 anos.
“Apenas em 2009 que
existiu uma correção de R$ 0,07. Isso faz com que não exista interesse em
alguns laticínios com relação ao programa, pois atuariam no prejuízo”. Lau diz
que outro problema é o limite financeiro imposto pelo programa. Segundo ele,
cada produtor só pode vender 21 litros de leite de vaca ou 13 litros de leite
de cabra.
“Se você
considerar, por exemplo, que existe uma genética bastante desenvolvida e que
algumas cabras chegam a colocar de 7 a 8 litros diários, o excedente passou a
ser um problema grave exatamente para este segmento, uma vez que o Programa do
Leite é o único mercado para os produtores de leite de cabra. Para o pequeno
produtor, o programa está pagando R$ 1,03 e o governo do Estado está dando um
incentivo a mais, colocando R$ 0,15 para cada litro de leite e subsidiando a
ração, aproximando o preço do valor de mercado. Assim, os dois grandes gargalos
estão no limite de compra por produtor, pois dificulta a captação, e o preço
irreal pago aos laticínios”, afirmou.
GOVERNO FEDERAL
ESTUDA MUDANÇAS
Lau Siqueira
informou que o governo federal já estuda mudanças nas regras adotadas pelo
programa. Na última segunda-feira foi realizada uma reunião em Brasília,
convocada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quando
foi decidido o fim do convênio com o governo da Paraíba agora em setembro e a
assinatura de um novo convênio com novas regras, incluindo uma revisão do preço
pago aos laticínios.
“O governo
federal ainda não abre mão de modificar o limite financeiro que permite a
compra de apenas 21 litros de leite de vaca por produtor e 17 litros de leite
de cabra”, disse Lau Siqueira.
Pelo convênio
atual, o governo federal paga R$ 1,03 pelo litro de lei de vaca para o
produtor. A esse valor o governo do Estado criou o programa Pro-produtor,
acrescentando mais R$ 0,15. Com isso, o litro de leite de vaca fica custando R$
1,18. O convênio também estabelece o preço de R$ 1,30 para o leite de cabra. O
governo do Estado entra com mais R$ 0,15, ficando um total de R$ 1,45 para o
leite de cabra. Para a usina de beneficiamento, o convênio estabelece um preço
máximo de R$ 0,52.
“Atualmente
estamos comprando e fornecendo cerca de 21 mil litros por dia e abastecendo 60
municípios, todos próximos aos laticínios que ainda estão no programa. A meta do
programa é de 120 mil litros diários. Além de viabilizar a vida do homem do
campo a partir da produção leiteira, o programa reduziu a desnutrição infantil
em todo o Nordeste e, principalmente na Paraíba”, comenta Lau Siqueira.
Foto: Internet
Fonte: Lenilson Guedes
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