Sem emprego, pais sustentam famílias recolhendo lixo no Amapá. Veja!
Aguinaldo
Moraes, 52 anos, é um dos 51 catadores da lixeira pública de Santana, a 17
quilômetros de Macapá, que consegue sustentar a família recolhendo materiais do
lixão. Ele trabalha no local há 9 anos com a esposa e mais 5 filhos.
Tratado como
'paizão' pelos filhos, Moraes consegue R$ 100 por semana catando pedaços de
madeira e alumínio na lixeira pública. “É melhor conseguir nosso dinheirinho
dessa forma honesta do que roubar ou matar”, afirma. "Minhas filhas que
começaram a recolher lixo primeiro. Mas não acho ruim porque cada um seguiu o
seu caminho, sem ir para o lado errado”, diz.
Moraes mora na
mesma casa com outras 14 pessoas, entre filhos, netos, genros e noras. "Lá
em casa, cada um ajuda como pode na depesa. Somos bastante unidos e assim
levamos a vida", afirma.
O catador, assim
como outros que trabalham na lixeira pública de Santana, optou pelo lixão após
ficar desempregado. Ele, por exemplo, veio de Afuá, no Pará, e se viu obrigado
a procurar uma fonte de renda.
“Eu levo o pão
para casa trabalhando aqui, recolhendo lixo, alumínio e madeira para fazer
carvão”, descreveu Aguinaldo.
Ailda Nazaré, 27
anos, é uma das filhas que trabalha no lixão. Ela foi a primeira da família a
ir para a lixeira pública, empurrada pela falta de oportunidades no mercado de
trabalho. “Como não tinha de onde tirar dinheiro, o único jeito foi viver
daqui”, resumiu a mulher, que concluiu apenas a 1ª série do ensino fundamental
e desde os 17 anos trabalha na lixeira pública.
Mesmo sob
condições precárias de trabalho, sem a utilização de luvas ou roupas adequadas,
Moraes não se vê em outro lugar. “Antes de chegar aqui, eu mexia com madeira no
Afuá e era muito difícil porque eu trabalhava muito para ganhar pouco. Aqui na
lixeira é diferente.”
Por dia, cerca
de 320 toneladas são despejadas na lixeira pública. O local também virou fonte
de renda para Antônio Carlos, 38 anos. Mas diferente de Aguinaldo, ele não
deixa os filhos irem para o lixão.
Antônio Carlos
tem 3 filhas, de 11, 14 e 15 anos. Todas estudam e, apesar de morarem em um
bairro que fica atrás do lixão, o Jardim de Deus, não trabalham. “Eu não deixo
as minhas filhas virem para cá porque é ruim para elas, e todas vão para escola
para ter um futuro melhor que o meu”, afirma.
O catador relata
que as filhas não reclamam de seu trabalho. “Elas dizem que é melhor eu vir
para cá do que procurar outro caminho, porque mesmo trabalhando na lixeira, não
falta comida em casa, o que é o mais importante”.
Antônio recolhe
lixo, ferro e alguns restos de comida para levar para casa. O catador começou a
trabalhar na lixeira pública há 10 anos após ficar desempregado por causa do
encerramento da atividade mineradora no município de Serra do Navio.
“Mandaram o
pessoal embora. Eu fui demitido e, como não tinha emprego para sustentar minhas
filhas, assim eu vim para a lixeira”, disse. Ele afirma que consegue R$ 200
mensais com o que recolhe de segunda-feira a sábado no lixão.
Foto: Abinoan Santiago
Fonte: G1
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