Família de três gerações vive em Itaporanga sem ainda ter oficialmente “nascido”. Veja!
Mãe, filha e
netos. A família mora há décadas em uma ruela pobre no começo do bairro Alto
das Neves, mas, oficialmente, ainda não nasceu, ou seja, essas pessoas ainda
não foram quantificadas nem qualificadas como cidadãos: é como se não
existissem, e, legalmente, não existem.
Sem registro de
nascimento, que é o documento básico e necessário para a retirada dos demais,
essas pessoas estão totalmente excluídas da cidadania e das políticas públicas: as crianças, por exemplo, não podem
ser matriculadas na escola; a mãe fica impossibilitada de receber assistência
médica na rede pública nem se cadastrar nos programas sociais do governo, e a
avó não consegue requerer uma aposentadoria nem um amparo social. “A semana
passada, tentei marcar um exame para mim, mas disseram que eu não podia fazer
porque não tinha documento, e nem os meninos posso matricular na escola”,
comentou a mãe solteira de quatro filhos.
Sem qualquer
assistência do poder público e sem renda fixa, essa família vive em precárias
condições. Desde o final do ano passado, a fundação humanitária José Francisco
de Sousa está acompanhando essas pessoas. No entanto, mais importante do que os
donativos a elas destinados, foi a petição que a entidade protocolou na Justiça
de Itaporanga no último dia 28 pedindo a lavratura do assentamento do registro
civil para o grupo familiar.
Com o apoio do
delegado regional Glêberson Fernandes e do advogado José Leite, a fundação
requereu, inicialmente, o registro de nascimento da mãe, que tem 27 anos, e dos
seus quatro filhos e, posteriormente, também vai pedir o registro da idosa.
A necessidade de
se recorrer à Justiça para resolver o caso é em função de que essas pessoas não
foram registradas no período de vida estabelecido por lei. Se for deferida a
petição, essa família vai nascer definitivamente para a cidadania e melhorar
suas condições de vida. Passará a usufruir dos serviços públicos nos campos da
assistência social, saúde e educação.
Um bom trabalho
junto a essa família também foi feito por alunos da escola Batista, um
educandário particular da cidade. Em um projeto social desenvolvido pela
escola, estudantes levaram melhorias para a residência humilde: limparam e
pintaram paredes e doaram móveis. No entanto, o que mais de importante deixaram
lá foi uma lição de solidariedade.
E toda e
qualquer ação de solidariedade a pessoas (crianças, idosos e famílias)
marginalizadas e excluídas é importante, principalmente em uma cidade e região
onde os órgãos públicos de apoio e proteção social não cumprem integralmente seus
papéis.
Folha do Vale
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