Norte-Americano de 16 anos cria sensor que detectar câncer no pâncreas. Veja!
No ano passado,
um cientista apresentou uma descoberta brilhante em uma premiação: criou um
sensor que detecta câncer no pâncreas com um teste muito mais eficaz do que o
utilizado atualmente: 168 vezes mais rápido, 26 mil vezes mais barato, 400
vezes mais sensível e quase 100% preciso. Detalhe: o cientista tinha 15 anos de
idade.
Jack Andraka,
hoje com 16 anos, é um aluno de ensino médio da cidade de Crownsville, próxima
a Washington, nos Estados Unidos. O gosto por ciência, no entanto, não é de
hoje.
Quando tinha
apenas três anos de idade, o garoto se lembra de ter ganhado uma maquete de plástico
com um pequeno rio. Ele e seu irmão faziam testes com a água, vendo qual objeto
boiava e qual afundava, qual era levado pela corrente. “Conforme fui ficando
mais velho, percebi que a ciência era algo que podia usar para entender o mundo
ao meu redor; daí me tornei fascinado por ela!”, disse Jack ao Link por
telefone.
Mas a inspiração
para criar o sensor que diagnostica câncer de pâncreas – a doença que tirou a
vida do cofundador da Apple, Steve Jobs – veio de uma experiência pessoal: um
amigo próximo da família, que Jack considerava como um tio, faleceu da doença.
As muitas dúvidas sobre o assunto rapidamente levaram o garoto à internet.
“Fui ao Google e
descobri que 85% dos casos de câncer de pâncreas são diagnosticados de forma
tardia – quando a pessoa só tem 2% de chance de sobreviver”, diz o garoto.
“Além disso, o teste de diagnóstico atual é uma técnica de 60 anos que custa
800 dólares.” Chocado com os números, Jack se convenceu de que devia haver um
método mais simples, rápido e barato.
Eureca. O garoto
começou a pesquisar sobre biomarcadores de proteínas. “Aí conheci a mesotelina,
uma proteína que, em casos de câncer de pâncreas, ovário e pulmão, aparece em
alta concentração na corrente sanguínea, mesmo em estágio inicial da doença”,
explica.
A grande sacada,
no entanto, veio numa aula de Biologia. Em vez de prestar atenção, Jack lia um
trabalho sobre nanotubos de carbono. “Eles têm o diâmetro 150 mil vezes menor
do que o de um fio do seu cabelo, mas têm propriedades incríveis; são os super
heróis da ciência material”, diz. O aluno então se deu conta de que a professora
falava sobre anticorpos, moléculas do sistema imunológico. De repente, ele teve
uma ideia: combinar uma rede de nanotubos de carbono e anticorpos, produzindo
uma estrutura que pudesse identificar a presença da mesotelina e, portanto, do
câncer.
Jack pesquisou
sobre o assunto e procurou ajuda de mentores que pudessem lhe orientar para
realizar os testes e concretizar o projeto. “Mandei e-mail a 200 professores, e
só recebia rejeições: foram 199 rejeições e um ‘talvez’”, conta. Três meses
depois, ele encontrou-se com a pessoa que lhe dera o “talvez”: Dr. Anirban
Maitra, professor da escola de medicina da Johns Hopkins, que lhe convidou para
uma reunião.
O garoto,
apreensivo, compareceu à entrevista munido de seus relatórios, materiais e
estimativas de custo, e foi aceito. “Logo que comecei a trabalhar no
laboratório, desenvolvi uma estratégia e… não estava funcionando de jeito
nenhum!”, diz ele. “Demorou cerca de sete meses para garantir que o projeto
fosse testado e funcionasse.”
O resultado do
trabalho certamente impressiona: um sensor em forma de pequenas tiras de papel
que, com uma amostra de sangue de alguém, consegue detectar se há câncer de
pâncreas, ovário ou pulmão. O teste custa US$ 0,03 e leva cinco minutos.
Com a invenção,
Jack foi premiado na Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel. Ele
estuda viabilizar o projeto com apoio de empresas como Quest Diagnostics e
LapCorp, da área de diagnósticos. O sensor deve chegar ao mercado entre dois e
cinco anos.
Tricorder. Além
de ver seu sensor espalhado por aí, Andraka também quer ir além do câncer e o
próximo desafio é vencer a competição Tricorder X, lançada durante a feira
Consumer Eletronics Show em janeiro. A disputa é uma premiação de US$ 10
milhões em que os participantes devem criar um aparelho portátil para
diagnosticar 15 tipos de doenças em 30 pacientes em três dias.
Ao ouvir sobre a
competição, Jack entrou em contato com dois de seus amigos finalistas da feira
da Intel. Aí nasceu o grupo, a “Geração Z”.
O objetivo dos
meninos é construir um aparelho do tamanho de um smartphone que detecte
qualquer doença pela pele. Jack afirma que está trabalhando num componente do
tamanho de um grão de açúcar que possa passar pela pele humana, chegar à
corrente sanguínea e detectar doenças por meio da análise de proteínas.
Cada colega seu
mora em um lugar diferente e, por isso, trabalha em uma parte específica do
projeto. A maioria das discussões é pela internet, principalmente por Skype. A
Geração Z ainda está recrutando interessados, e o prazo final para entregar o
projeto é 2015.
‘Ele é muito
novo’. No fim de fevereiro, Jack Andraka foi um dos palestrantes da conferência
de inovação TED. Sua descoberta o tem levado a fazer diversas apresentações.
Ele diz que sua idade ainda provoca desconfiança: “Dizem: ‘ele é muito novo,
não sabe do que está falando!’”, conta o jovem pesquisador. “Mas ao sentar
comigo, ler e ouvir sobre o meu trabalho, se convencem.” Ele prevê que a idade
será cada vez mais irrelevante como critério. “Conheci um monte de adolescentes
que fazem pesquisas completamente inovadoras”, diz.
Jack fala que,
apesar de muitos jovens considerarem a ciência uma área fria e distante, o que
o fascina é justamente vê-la aplicada no seu dia a dia. “A questão não é
decorar códigos ou fórmulas; há um grande aspecto criativo em fazer ciência; é
detectar um problema e pensar em soluções criativas.”
Ao longo de seu
processo criativo, Jack destaca um componente fundamental: a internet. “Quando
comecei esse projeto, eu nem sabia o que era um pâncreas!”, afirma. O garoto
conta que usou muito o Google e a Wikipedia para pesquisar, pois muitas vezes a
biblioteca estava fechada ou desatualizada. “Hoje, é possível fazer pesquisa
contemporânea sobre todos esses campos diferentes pelo celular!”, diz. “A
tecnologia realmente acelerou o modo como fazemos ciência.”
Hoje, Jack
frequenta pouco a escola; prefere os laboratórios. Perguntado sobre o que faz
para se divertir, ele conta que adora andar de caiaque com sua família e fazer
origami. Mas não consegue esconder o lado gênio: “Ah, além das competições
internacionais de matemática.”
Fonte: Anna Carolina Papp
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