'Quero viver com ela até morrer', diz ex-freira após casar na Grande Natal. Veja!
"Queremos viver
juntas até morrer". Assim a ex-freira Maria Francineide Silva de Moura, de
43 anos, resumiu os planos após o casamento com a vendedora Lúcia Janaína
Pinheiro, de 37 anos. As duas trocaram alianças nesta sexta-feira (6) no 2º
Ofício de Notas de São José de Mipibu, cidade da Grande Natal.
Com uma
cerimônia simples, regada a salgados e refrigerantes, o casal comemorou a data
na sede da Sociedade Terra Viva. Por hora, a ideia é permanecer morando na
cidade de 40 mil habitantes. Francineide deixou a vida religiosa há mais de uma
década, mas até encontrar Janaína não havia assumido a homossexualidade.
A lua de mel
estava planejada para acontecer em São Miguel do Gostoso, cidade do litoral
Norte potiguar. Porém, a ida à praia paradisíaca foi adiada por questões
financeiras. "Vamos ficar por aqui mesmo. A despesa do casamento apertou e
decidiremos só daqui a 15 dias", explicou Francineide. Ela e Janaína ainda
não têm destino definido para as núpcias.
Potiguares de
Natal e Mossoró, elas se conheceram na adolescência. Porém, a paixão entre as
duas só foi descoberta quando se encontraram, há seis meses, na casa de uma
amiga em comum. "A minha família foi aceitando com naturalidade depois de
um tempo. Na dela, o impacto foi maior. A sociedade diz que não é
preconceituosa, mas o preconceito aparece quando acontece dentro de casa
", relatou a ex-freira. Agora casadas, elas moram com a mãe de
Francineide, que é cadeirante e carece de cuidados.
Quanto ao
futuro, o casal pretende abrir uma gráfica em São José de Mipibu. Fracineide,
que trabalha como professora do ensino fundamental, espera dar início aos negócios o quanto antes. "Já fazemos
serviços gráficos e temos trabalhos previstos", contou a ex-freira (O tema
desta reportagem foi sugerido ao G1 por um leitor. Encaminhe também sua
colaboração pelo VC no G1).
Muito mais do que
o casamento, o amor de Francineide por Janaína fez a professora pôr fim à
angústia de anos. "Perguntei se ela tinha coragem de casar e assumir nossa
condição", diz. A companheira a fez mudar até mesmo o temperamento
explosivo. "Agora estou tranquila. Ela foi tudo de bom que poderia ter
acontecido na minha vida. É uma pessoa diferente para mim, que me
complementa", confessou.
Religião foi
refúgio
Para a
professora, a religião serviu como refúgio na juventude. "Foi uma forma de
esconder minha sexualidade. Não me sentia atraída por meninos", explica.
Francineide começou a se preparar para os serviços religiosos aos 16 anos. Com
29, o caminho foi o mosteiro da cidade paulista de Marília, onde ficou em
clausura por três anos se dedicando às orações. "Uma hora vi que aquilo
não tinha nada a ver comigo", contou.
Tema tabu quando
se trata de Igreja Católica, Francineide explica que a homossexualidade não
abalou suas crenças. "Acredito nos dogmas, mas não posso viver me
anulando. Só busco a minha felicidade", afirmou.
Foto: Jorge Talmon
Fonte: G1-RN
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