Paraibanos trabalham mais para elevar renda. Veja!
Trabalhar três
expedientes por dia, ainda ter que reservar tempo para si e para a família. No
caso da mulher, muitas vezes é preciso também administrar o lar. Esta é um
pouco da realidade dos paraibanos que possuem mais de um emprego. Dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), consolidados no Pnad,
mostram que o número de trabalhadores com duas ou mais funções na Paraíba
cresceu 49,27% em 2011, quando comparado a 2009, saltando de 69 mil para 103
mil pessoas.
Não é difícil
encontrar paraibanos que enfrentam uma jornada dupla ou tripla de trabalho em
João Pessoa. Everaldo Chaves de Albuquerque, 46 anos, e sua esposa, a Suely
Alves de Santana Chaves, 37 anos, fazem parte da estatística do Pnad.
Além de serem
funcionários de uma unidade de ensino, ainda vendem refeições e fazem salgados
para festas. Durante cinco dias da semana, ele atua como inspetor de uma escola
municipal da capital paraibana, das 13h30 às 17h30, e, aos sábados, ainda faz
um extra. Já Suely Chaves faz a merenda dos alunos na mesma unidade de ensino,
também no período da tarde, de segunda-feira a sexta-feira.
Durante a manhã,
o casal faz quentinhas para vender. “O bom é que o nosso almoço já fica
garantido e nos poupa tempo”, afirmou Everaldo Albuquerque. Quando chegam da
escola no fim da tarde, o casal não tem descanso, começa a terceira jornada.
Ambos vão para a
cozinha fazer salgados, já que eles recebem encomendas para festas de
aniversários, casamentos e outros eventos.
Pensando nesta
rotina, parece não sobrar tempo para mais nada, mas os dois ainda têm que dar
conta da limpeza da casa e das roupas do casal e dos dois filhos adolescentes,
um de 16 e o outro de 15 anos. “Minha esposa acorda por volta das 5h30 da manhã
para lavar roupa”, explicou o inspetor.
Mesmo dormindo
por volta da meia-noite durante cinco dias da semana, o inspetor também
trabalha aos sábados. Neste dia, Everaldo Chaves ainda ganha um dinheiro extra
de R$ 40, trabalhando como inspetor na mesma escola, dentro do programa chamado
“Escola Aberta”.
O programa do
governo federal apoia o funcionamento, no final de semana, de escolas públicas
de educação básica localizadas em territórios de vulnerabilidade social.
Juntos, alunos, estudantes e funcionários se reúnem com a comunidade e realizam
atividades educativas, culturais, artísticas e esportivas.
Para quem pensa
que as atribuições de Everaldo e Suely acabaram se engana. Ele ainda encontra
tempo exercer a função de motorista particular nas “horas vagas”. E como fica a
administração do lar diante do acúmulo de trabalho? “Eu, minha esposa e os dois
filhos nos juntamos e cada um limpa e arruma a casa no fim de semana”, disse
Everaldo. “Fazemos tudo isso para aumentar a renda e melhorar o nosso
sustento”, disse o inspetor. Mesmo com o acúmulo de funções, o rendimento do
mês dos dois fica em torno de R$ 3.500.
Outra rotina que
retrata os dados do Pnad é a da diarista Maria José da Silva, 34 anos,
curiosamente conhecida como Lilian. Há seis anos ela mantém uma rotina de cinco
diárias por semana, todas feitas em casas de parentes de uma mesma família. Os
R$1.200 mensais são divididos para pagar todas as contas do mês. Os gastos são
para os dois filhos, um com 11 anos e outro com 16 anos, e um irmão de 23 anos
que está desempregado.
O dia de Lilian
começa cedo. Às 5h30, ela já acorda para fazer o café da manhã, fazer a faxina
em casa e correr para o trabalho antes das 8 horas. A volta para casa só ocorre
por volta das 19 horas. A renda ainda é compartilhada com mais dois filhos que
moram com a avó. “Cada um dos meus quatro filhos tem um pai diferente, e como
tive que trabalhar desde que eles eram muito pequenos, dois deles cresceram com
a avó”, confessou.
Mas a
responsabilidade em ser o esteio da casa começou desde os seus 16 anos de
idade. “Quando era mocinha, por causa da relação problemática com meu padrasto,
coloquei na cabeça que queria ser independente e fui trabalhar. Hoje, só
lamento não ter tido melhores oportunidades na vida, não ter estudado mais. Do
resto, não me arrependo de nada, pois aprendi a viver no mundo com dignidade”,
orgulha-se.
Fonte: Alexandra Tavares
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