CRM interdita 21 unidades de saúde na PB. Veja!
Na Paraíba, 21
unidades de saúde foram interditadas pelo Conselho Regional de Medicina (CRM)
nos últimos 10 meses devido a irregularidades confirmadas em fiscalizações.
Entre os problemas encontrados estão desde o descumprimento da portaria número
2048 de novembro de 2002 do Ministério da Saúde (MS), que trata do atendimento
na área de urgência e emergência, a falta de médicos em hospitais da rede
pública.
Das unidades de
saúde interditadas - entre postos do Programa de Saúde da Família (PSF) e
hospitais - sete se ajustaram e já foram liberadas.
A mais recente
ação começa a vigorar a partir da madrugada de hoje no Hospital Regional de
Patos, que teve a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) interditada. “Com a
interdição, os médicos da UTI ficam proibidos de receber novos pacientes.
Eles dão
continuidade ao atendimento de quem já está na UTI, mas não pode receber novos
casos”, esclareceu o diretor de Fiscalização do CRM-PB.
O caos no
Hospital Regional de Patos (HRP) vai além da situação crítica encontrada na UTI
pelo CRM. “O problema extrapola a UTI. É possível que o CRM interdite todo o
hospital”, pontuou o diretor de fiscalização do CRM. O diretor esteve em Patos
na noite da última quarta-feira e durante fiscalização teria constatado a falta
de médicos tanto na UTI quanto na urgência. A UTI não pode funcionar sem
médicos porque é o local onde estão os pacientes considerados gravíssimos”,
declarou.
Segundo o
diretor do CRM, no período de 14 a 16 de abril (entre domingo e quarta-feira
desta semana) os pacientes graves ficaram praticamente descobertos.
O diretor do CRM
ressaltou que a situação no HRP é caótica. “Nas áreas vermelha e amarela do
hospital, os espaços são desprovidos de privacidade e de banheiro. No local,
pacientes em situações graves permanecem horas e até dias aguardando
atendimento. Há ainda falta de vagas na UTI que deveria ter pelo menos 10
leitos e continua com seis”, enumerou. Outra deficiência é de profissionais da
parte clínica.
O médico do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Robson Vieira, informou que a
maior dificuldade em socorrer os pacientes está diretamente ligada à falta de
regularidade no recebimento das pessoas acometidas de acidentes ou outros males
no Hospital Regional de Patos, onde não existe sequer a disposição de avaliação
dos casos. O médico disse ainda que no último domingo muitos pacientes ficaram
nas macas do Samu e desistiram do atendimento assinando termos de recusa e regressando
para as suas casas, mesmo sem saber a gravidade dos seus casos. “A direção do
Hospital Regional é invisível, o caos está instalado e a doutora Sílvia não
aparece e não atende ninguém nesses momentos”.
A diretora do
Hospital Regional, Sílvia Ximenes, esteve reunida com o secretário Waldson
Sousa, na última terça-feira, oportunidade em que solicitou a ampliação do
número de leitos da UTI. No contato com a reportagem, ontem, ela admitiu a
necessidade da vinda de novos médicos para a região e lembrou que o Estado está
pagando R$ 1.222,00, por plantão.
Com relação aos
médicos que estariam faltando às escalas, a diretora do HRP disse que está
encaminhando documento ao CRM, com o pedido de punição. Descartou a
possibilidade de fechamento do Hospital Regional de Patos que, segundo ela,
presta atendimento para cerca de 7 mil pessoas, por mês, acrescentando que caso
a medida seja adotada pelo CRM, será feito um processo de regulação com outros
hospitais que tenham vagas para a transferência dos pacientes.
O secretário
executivo de Desenvolvimento Econômico de Patos, Dineudes Possidônio, declarou
que o irmão, que deu entrada no Hospital Regional de Patos, no dia 24 de março,
e ficou internado durante 15 dias, faleceu por falta de vaga na UTI da unidade
hospitalar. “Ele precisava ser submetido a uma cirurgia em João Pessoa, mas não
conseguiu uma vaga na UTI”, declarou. Acrescentando que “a gestão do Hospital
Regional de Patos ou é insensível, ou não sabe o que é uma gestão hospitalar,
ou prefere continuar assistindo ao abate de seres humanos”, desabafou Dineudes.
O advogado
Taciano Fontes, já anunciou uma Ação Popular pedindo que um dos juízes da
Comarca determine, de maneira coercitiva, que seja mantido o plantão do
Hospital Regional de Patos aos finais de semana, com a aplicação de multa para
o órgão de saúde e ao gestor por cada atendimento que deixe de ser prestado.
O Hospital
Regional de Patos atende 24 municípios na macrorregião, que somados às cidades
do interior de Pernambuco e Rio Grande do Norte, chega a absorver cerca de 40.
De acordo com a
Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde, as escalas dos
plantões com os médicos do HRP já foram finalizadas para a apresentação ao CRM.
Fonte: Jaine Alves
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