Fim da queima da cana pode demitir 28 mil na PB. Veja!
A proibição da
queima da cana-de-açúcar poderá levar à demissão cerca de 280 mil trabalhadores
rurais na região Nordeste, segundo cálculos da União Nordestina dos Produtores
de Cana (Unida). Na Paraíba, o número de desligamentos chegará a 10% do total
(28 mil trabalhadores), segundo estimativa da Associação de Plantadores de Cana
da Paraíba (Asplan-PB).
O assunto foi
abordado durante uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), nessa
semana. A expectativa da cadeia produtiva da cana-de-açúcar é que seja definido
– e não foi ainda – um prazo para a eliminação das queimadas de canaviais em
pequenas propriedades e áreas com declividade superior a 12 graus. De acordo
com o presidente da Unida, Alexandre Andrade Lima, o fim desta prática não só
aumentará desemprego, mas inviabilizará grande parte das pequenas e médias
produções.
No entanto, o
presidente do Sindicato da Indústria do Álcool na Paraíba (Sindalcool-PB),
Edmundo Barbosa, não acredita que o Estado passará por demissões. Ele explicou
que o ministro do STF, Luiz Fux, demonstrou, durante a audiência desta semana,
que não seria ponderado tomar uma decisão taxativa e imediatista sobre o fim da
queima da cana-de-açúcar.
“Na verdade, nós
já estamos convivendo com esta ideia há algum tempo, por isso que esta notícia
de 'demissões', perde um pouco da sua força. Esperamos esta mudança para entre
2017 e 2018 e o setor já passa por adaptações e se prepara para a mecanização
da colheita”, afirmou.
A Unida, por
outro lado, pede por um prazo mais extenso. O órgão de classe defende uma
transição da legislação compatível com a realidade de adaptação do setor. O
prazo esperado pelos canavieiros é de, no mínimo, 15 anos.
IMPACTO
Embora responda
por 12% da produção de cana no Brasil, o Nordeste emprega 35% da mão de obra do
setor no país. Neste contexto, vale lembrar que o setor agropecuário
contabilizou a segunda maior baixa no emprego formal no trimestre deste ano
(-3.447 postos de trabalho no período), na Paraíba. Este foi ancorado pela
queda ainda maior no saldo das usinas de cana-de-açúcar na indústria de
transformação (-5.815 postos de trabalho) – ampliado no período de entressafra
pela forte estiagem. Com a possibilidade de demissões definitivas e dependendo
das chuvas e capitalização do setor, o saldo paraibano (admissões menos
demissões) pode cair ainda mais até o final do ano.
Segundo Edmundo
Barbosa, para evitar que isto aconteça, os trabalhadores da cana-de-açúcar
deverão passar por uma requalificação dentro das usinas e deverão ser
reposicionados para outras funções. “O fim da queima é defendido, porque esta
prática é danosa em alguns aspectos. Mas, o mais importante, é que o trabalho
de requalificação dos trabalhadores já começou, já é uma realidade dentro da
Paraíba”, assegurou.
Alexandre Lima,
por outro lado, afirmou que a maioria dos trabalhadores é analfabeta e terá
dificuldade de ser reaproveitada em outros setores. “É preciso sensibilidade
para evitar um caos na região", disse.
Canavieiros
querem colheita mecanizada
Para o
presidente da Asplan-PB, Murilo Paraíso, a colheita mecanizada da
cana-de-açúcar facilitaria as operações de corte de cana e a tornaria mais
barata em comparação à colheita manual de cana crua. “Ela é possível no estado
da Paraíba. A colheita manual é quase que inviável em grande escala, pois
diminui em muito o rendimento dos cortadores e até deixa o trabalho mais
árduo”, explicou.
Segundo o
presidente da Unida, Alexandre Andrade Lima, a colheita mecanizada está longe
de se tornar uma realidade compatível com a topografia acidentada da região. “A
prática é indispensável nas áreas com declives médios porque as máquinas são
incapazes de realizar a ação. Apenas 31% dos canaviais nordestinos apresentam
área plana”, acrescentou.
Fora isto, o
engenheiro agrônomo da Asplan, Luís Augusto de Lima, ressaltou que os pequenos
e médios produtores que são a maioria, não têm recursos para investir nessas
máquinas, inviabilizando assim esse tipo de colheita.
Fonte: Maria Livia Cunha

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