Máquina que "produz" água pode ser uma das soluções para a seca. Veja!
Em Feira de
Santana, na Bahia, alunos e professores de 125 escolas matam a sede com água
extraída do ar. Não é resultado de nenhuma experiência de laboratório, mas da
instalação de 375 máquinas que retiram a umidade do ar e a transformam em água
no estado líquido. “Antes desse equipamento era um sufoco”, diz Eliane Mota,
diretora da escola Nossa Senhora do Rosário.
O aparelho,
desenvolvido pela empresa mineira HNF, “produz” a água por meio da compressão e
condensação do ar, processo do qual se obtém o chamado ponto de orvalho. Para
tornar o líquido potável, são utilizados três processos de filtragem. O equipamento
também possui um software que regula o processo para torná-lo possível em
condições variadas de temperatura e umidade do ar.
Imagem abaixo:
Segundo Henrique Fiuka, um
dos sócios da HNF, num ambiente com umidade em torno de 40% e temperatura
ambiente de aproximadamente 20º C, a máquina transforma 30 litros de água em um
dia. “Num local com 60% de umidade, chega a fazer 40 litros”, diz.

Fiuka afirma
que, além de escolas, a empresa pretende colocar seus aparelhos em locais de
grande circulação de pessoas, como hospitais, empresas, postos de saúde e
clubes. Lançada em 2009, a máquina ainda tem um preço salgado: R$ 6,5 mil. Para
o empresário, o valor deve diminuir em poucos anos. “Quando tivermos mais
demanda vamos conseguir baixar o custo”, diz. Até agora, foram vendidas cerca
de mil unidades no Brasil, Argentina e Angola, mas a meta da HNF é
comercializar, em menos de um ano, dez mil máquinas por mês.
Uso doméstico
Para conseguir
alavancar as vendas e atender também as residências, a empresa lançou nesta
semana a versão doméstica do aparelho, que armazena 12 litros de água e deve
chega ao mercado com o preço de R$ 2 mil. “O cliente poderá substituir o
bebedouro de galão ou o purificador de água”, afirma Fiuka.
Norman Pedro
Quiroga, sócio da HNF e inventor do equipamento, diz que o próximo passo da
empresa é fornecer máquinas para indústrias, que teriam a capacidade de
produzir cerca de 50 mil litros de água por hora. “O projeto está pronto. Já
temos encomendas feitas”, diz o engenheiro.
A primeira
máquina de “fazer água” da empresa demorou cerca de sete anos para ser
desenvolvida e foi patenteada em 2006. A ideia do invento surgiu quando Quiroga
trabalhava para uma empresa nos EUA, que necessitava de água pura para realizar
uma pesquisa.
Hoje, existem
equipamentos similares no mercado internacional, mas, segundo o inventor, a
máquina brasileira se diferencia pela versatilidade. “Existe uma máquina nos
EUA, mas ela tem limitações de temperatura e de umidade”, diz. A versão
americana só consegue produzir água com umidade do ar mínima de 40% e
temperatura de pelo menos 20º C. O equipamento da HNF funciona a partir de 10%
de umidade do ar e temperatura a partir de 15ºC.
Sustentabilidade
Outra possível
utilização para os aparelhos de produção de água pela umidade do ar, de acordo
com a HNF, é na agricultura. Em sua campanha institucional, a empresa diz que a
aplicação em lavouras e plantações “significa o fim das secas provocadas pelas
estiagens sazonais”. Para Paulo Costa, especialista em uso racional da
consultoria H2C, o uso de equipamentos como o da HNF não é a melhor saída para
se resolver o problema da falta d’água no mundo. “Existem tecnologias mais
simples que têm benefício maior”, diz o consultor.
Uma das opções,
segundo Costa, seria a substituição do método de irrigação por aspersão –
quando a água cai na terra como se fosse chuva – ou pelo sistema de
gotejamento, método que distribui o líquido por gotejadores que ficam próximos
da base das plantas - cerca de 70% da água consumida no País é utilizada na
agricultura e pecuária.
“O sistema de
gotejamento consumiria apenas 1/6 do que é utilizado hoje”, afirma Costa.
Segundo o especialista, o potencial de uso da água da chuva também não é
utilizado adequadamente. “Menos de 2% dos edifícios comerciais, residenciais e
industriais usam água de chuva.”
Fonte: Juliana Kirihata
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