Acórdão do mensalão menciona Valério 7 mil vezes e Dirceu, 1,9 mil. Veja!
As 8.405 páginas
do acórdão do julgamento do processo do mensalão, publicado nesta segunda-feira
(22), registram 7.030 vezes o nome de Marcos Valério, condenado como operador
do esquema de compra de votos no Congresso Nacional nos primeiros anos do governo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo
levantamento do G1 efetuado por meio de um software de busca (veja na tabela ao
lado), o segundo mais mencionado é Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, com
3.114 citações. Ele foi apontado como o responsável por indicar qual
parlamentar receberia dinheiro. Acusado de ter sido o "mandante" do
esquema, o ex-ministro José Dirceu é o sexto mais mencionado (1.962 vezes).
A publicação do
acórdão do mensalão nesta segunda oficializou o início da contagem de prazo
para os condenados apresentarem recursos. Eles terão entre esta terça (23) e o
dia 2 de maio para recorrer - confira todas as decisões tomadas no julgamento.
Entre o terceiro
e quinto lugares no ranking de citações, estão os sócios de Marcos Valério - Ramon
Hollerbach (2.487 vezes) e Cristiano Paz (2.323) - e a funcionária de Valério
Simone Vasconcelos (2.234). Eles aparecem com frequência no texto porque estão
entre os que tinham ligações com a maioria dos réus.
Frases do
acórdão
O documento traz
os votos dos ministros, que apresentaram sua visão sobre as provas do processo.
Para o
ex-presidente do STF Ayres Britto, atualmente aposentado, Marcos Valério se
relacionava com todos os acusados na ação penal.
"Marcos
Valério tinha o dom da ubiquidade, era ubíquo, estava em todo lugar. E ele
tinha um instinto apuradíssimo de prospecção de dinheiro. Onde houvesse
possibilidade de obter recursos financeiros, ali estava o Marcos Valério. Por isso, que não há
praticamente nenhum réu, pelo menos dos condenados, nenhum réu que não se
relacionasse com Marcos Valério, nenhum."
O processo
"Coloca o então Ministro-Chefe da Casa Civil em posição central, de organização
e liderança da prática criminosa, como mandante das promessas de pagamentos de
vantagens indevidas aos parlamentares que apoiassem as votações de seu
interesse" – diz Joaquim Barbosa.
Em relação a
José Dirceu, o ministro Joaquim Barbosa chamou o ex-ministro de
"mandante" do esquema de compra de votos.
“Considero que o
conjunto probatório, contextualizado pela realidade fática refletida nesta ação
penal, ou seja, dos pagamentos efetuados por Delúbio Soares e Marcos Valério
aos parlamentares com os quais o acusado José Dirceu mantinha intensas e
frequentes reuniões, coloca o então Ministro-Chefe da Casa Civil em posição
central, de organização e liderança da prática criminosa, como mandante das
promessas de pagamentos de vantagens indevidas aos parlamentares que apoiassem
as votações de seu interesse. Entender que Marcos Valério e Delúbio Soares
agiram contra o interesse e vontade do acusado José Dirceu, nesse contexto de
reuniões fundamentais com o ex-ministro, é inverossímil.”
Sobre o
ex-presidente do PT José Genoino, Barbosa destacou que havia um "ambicioso
projeto de poder".
"Os autos
dão facilitada conta de que José Dirceu e José Genoíno, com auxílio de Delúbio
Soares, promoveram atos de corrupção para garantir um ambicioso projeto de
poder, consubstanciado num continuísmo governamental", disse o relator do
processo.
A ministra
Carmen Lúcia destacou que as atitudes do ex-tesoureiro Delúbio Soares são
incompatíveis com a legislação.
"Está
devidamente comprovado, a meu ver, o conjunto de práticas de Delúbio Soares, do
réu, que é absolutamente incompatível com a legislação, quer por reuniões
feitas, quer pelos empréstimos, quer pela captação de recursos, quer pela
entrega de recursos, quer pela indicação dos chamados beneficiados com o
ilícito, quer porque, com isso, tinha-se uma composição que não era feita
mediante o convencimento dos apoiadores do governo, mas mediante a paga pela
ação, que há de ser praticada por ser esse o ofício do parlamentar. De todas as
formas está comprovado, nos autos, ter havido corrupção ativa por Delúbio
Soares."
Fonte: G1
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