Governo lança plano para desonerar o etanol. Veja!
O governo
anuncia nesta terça-feira (23) um pacote de estímulos aos produtores de álcool
combustível. A ideia é reforçar o caixa do setor.
O governo vai
anunciar a concessão de um crédito tributário de R$ 1 bilhão. Os produtores
poderão abater esse valor do pagamento da PIS/Cofins (Programa de Integração
Social/Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social), um
mecanismo de compensação.
Também entra no
pacote a redução dos juros em linhas de financiamento para a renovação dos
canaviais e estocagem do álcool.
Esse reforço de
caixa atende a uma reclamação do setor, que enfrenta queda na produção e
prejuízos causados pelo clima.
Além disso,
produtores alegam que o álcool está menos competitivo porque o governo reduziu
impostos da gasolina, mas não fez o mesmo com o álcool. Hoje o peso dos
tributos sobre o etanol é de 31%.
Segundo o
governo, o objetivo desse novo pacote não é reduzir o preço do álcool ao
consumidor, mas garantir a produção em níveis que atendam a demanda do mercado.
A presidente
Dilma Rousseff se reuniu no fim da tarde desta segunda-feira com representantes
do setor de etanol, de acordo com agenda oficial divulgada pelo Palácio do
Planalto.
"No limite,
a desoneração do PIS/Cofins representaria alguma coisa entre 9% e 10% do preço
líquido atual do hidratado", disse o presidente da consultoria Job
Economia, Julio Maria Borges, à agência Reuters.
O etanol
hidratado é o que compete diretamente com a gasolina, sendo vendido
individualmente nas bombas para abastecer os carros bicombustíveis, ao
contrário do etanol anidro, que é misturado obrigatoriamente à gasolina.
"É provável
que nestes primeiros meses de safra, devido à pressão de oferta natural que
existe, que se transfira este benefício para o consumidor final, o que vai dar
uma atratividade muito grande para o etanol na bomba", avaliou Borges.
Um tempo mais
favorável para colheita de cana neste início de safra no centro-sul já fez com
que os preços do hidratado recuassem no final da semana passada.
Borges lembrou
que atualmente, pelas condições de paridade com a gasolina, o etanol é atrativo
praticamente em apenas quatro Estados do país, porque nos outros casos o preço
fica acima do limite 70 por cento do preço do combustível fóssil.
"Com a
desoneração, e se isso for repassado para o consumidor, todos os Estados vão
poder comercializar o hidratado", acrescentou.
Ele explicou que
num primeiro momento a usina vai ganhar muito mais em termos de velocidade de
comercialização da safra do que no preço, mas este cenário tende a mudar
posteriormente.
"A partir
do segundo semestre, com a natural concentração da oferta nos grandes grupos, é
muito provável que a usina se aproprie deste benefício", explicou.
Custos
pressionam
O setor vem
pedindo a desoneração em meio aos custos maiores de produção - que inclui mão
de obra e mecanização - e perda de espaço na concorrência com a gasolina.
A partir de
meados do ano passado, o governo começou a sinalizar que poderia desonerar o
PIS/Cofins para o setor de etanol, na tentativa de dar fôlego ao setor.
O presidente da
Cosan, Marcos Lutz, ressaltou que o etanol vem sofrendo uma pressão em meio ao
aumento dos custos de produção.
"Desonerar
ajuda, mas isso já estava meio computado pelo setor. Há bastante tempo que a
cadeia vive um aumento de custos e inflação de maneira geral. Então, isso ajuda
a melhorar a competitividade para esta cadeia", disse o Lutz à agência
Reuters no intervalo de evento em São Paulo, nesta segunda-feira.
Ele também
considerou que a desoneração eventualmente será repassada ao consumidor,
resultando em algum aumento de participação do etanol no mercado. Ele não
apontou um percentual de redução.
"Na
prática, o que está se falando é que (a medida) vai diminuir marginalmente o
preço do etanol; e quando isso acontecer, o consumo vai crescer", disse o
executivo da Cosan, que é a maior produtora individual de açúcar e etanol do
Brasil.
Ele acrescentou
que, com a medida, vê espaço para o setor recuperar parte da rentabilidade
neste ano. Mas ponderou que a indústria de modo geral ainda pode ter
rentabilidade mais baixa neste ano ante 2012, por conta das cotações
pressionadas do açúcar.
Impacto dos
cortes
Para o presidente
da consultoria Datagro, Plinio Nastari, a medida deverá beneficiar
principalmente a rede de revenda e distribuição e um pouco menos as usinas
produtoras.
A cadeia de
distribuição, que reclama de margens apertadas, deverá absorver entre 40% a 50%
do que for desonerado, segundo a consultoria.
"Na
distribuição e na revenda de gasolina, a margem é de aproximadamente 40
centavos por litro. A margem de distribuição e revenda do hidratado é de 10 a
12 centavos. As distribuidoras e revendas reclamam muito de que praticamente
não têm margem", disse à Reuters o presidente da Datagro.
As usinas
produtoras devem ficar com 30 a 40% do que deixar de ser cobrado em tributos
pelo governo federal, melhorando entre 5 e 7 centavos a rentabilidade por litro
de etanol hidratado, segundo Nastari.
"Obviamente
é positiva a medida. Mas eu diria que ainda não é suficiente", disse o
consultor, acrescentando faltam políticas de longo prazo para o setor.
Fonte: G1 com informações do O Globo
Post a Comment